terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Raposas Domesticadas

Para quem não sabe bem Inglês não stress muito porque está depois tudo explicado:



Algures na Sibéria por volta de 1950 um Biólogo foi encarregado de um projecto aparentemente simples. Belyaev estava responsável por tornar as raposas de uma quinta de raposas (para peles) mais mansas. O que Belyaev fez foi começar por fazer selecção artificial.
Ora bem, temos de ter em conta que a Rússia era um país comunista, e Belyaev não era um dos preferidos do partido (acho que quando disse que estava na Sibéria dava para perceber isso). Além do mais havia teorias sobre a natureza ditadas pelo partido. Isto tudo resultava em Belyaev trabalhar com pouco ou nenhum material e pouca ou nenhuma informação sobre genética. Mas a lógica é lógica, e Belyaev começou as suas experiencias com uma ideia.
Ia permitir a reprodução das raposas que fossem menos agressivas, e impedindo a reprodução das mais agressivas ou medrosas. Isto era medido pelo modo como respondiam ao aproximar de um humano (ou da mão com uma luva). Perante um perigo a resposta lógica não é uma, mas um dilema, o “fight or flight”, o lutar ou fugir, a mesma dose de adrenalina pode dar para as duas respostas (dependendo de certas condições), por isso se tentassem atacar ou fugir furiosamente a resposta era tida como idêntica.
E passadas apenas dez gerações algo completamente inesperado aconteceu. Efectivamente as raposas iam sendo cada vez mais mansas, mas dez gerações depois pareciam animais completamente diferentes. A pelagem era diferente, exibindo cores diferentes e até manchas; as orelhas passaram a ser caídas como as dos cães, e como as destes podiam facilmente ficar direitas com atenção; começavam a fazer vocalizações, tipo latidos, algo que as raposas não fazem, só as crias; o seu comportamento era brincalhão, amistoso e até se davam pelo nome; etc.

Isto é algo bastante interessante.
Olhando para isto de um ponto de vista genético há primeira vista há aqui algo errado. Belyaev começou com uma amostragem de uma população selvagem (as raposas da quinta) que por si só era um fundo genético já não representativo de toda a variabilidade dentro da espécie. E em dez gerações foi efectuando selecção artificial. A selecção artificial que efectuou embora permitisse recombinações ia a pouco e pouco empobrecendo o fundo genético com que estava a trabalhar. E então, de um momento para o outro um monte de caracteres novos surgiu… do nada? Isto não faz sentido!
Quer dizer, até faz, se pensarmos de outra maneira. Que genes estaria Belyaev, mesmo não intencionalmente, a seleccionar na sua experiencia? Os relacionados com a Adrenalina. Pode não ser a adrenalina em si, mas algo relacionado com o modo como o gene é lido. E seria algo que afectava a leitura de Adrenalina, Melanina (cor e pelagem) e neurotransmissores que compartilham parte da cadeia de síntese destas proteínas, monoaminas.

Daqui retiram-se várias lições.
A primeira é que a domesticação do cão pode ter sido muito mais rápida, e as características que ele exibe, como as cores e o ladrar podem ser completamente secundárias à selecção que levou ao seu aparecimento.
Outro é que quando dizem que um chimpanzé tem noventa e muitos genes iguais aos nossos isso quer dizer pouco ou nada. Para começar esses dois porcentos são um abismo monstruoso, pois referem-se acima de tudo a genes como este, que controlam o modo como os outros são lidos; e depois existe uma diferença a nível cromossómico bastante interessante.
E temos 50% de ADN partilhado com as bananas e as couves, 60% com a mosca da fruta… Estes valores referem-se acima de tudo aos processos que são necessários à vida; todos os seres vivos aqui nomeados são eucariontes, e como tal têm orgânicos semelhantes e processos metabólicos semelhantes.

Bibliografia (alguma)


PS – O instituto que depois passou a tratar das raposas e a expandir o trabalho e o estudo está com problemas financeiros. Como tal passaram a vender “raposas” (se se pode chamar aquilo raposa… eu não chamo lobo a um cão). Se tiverem oportunidade arranjem uma, pelo bem da ciência! E é verdade, na continuação da decorticação as raposas domésticas perderam aquele cheiro forte de raposa que usam para marcar as coisas, pelo que, agora não cheiram tão mal.

Imagens:

De isto:



Para isto:


(ainda são crias)

2 comentários:

Grupo005 disse...

Olá João!

Aqui é o Tiago Lopes Francisco,

O brasileiro =D

Era para te pedir se podias me dar o seu e-mail,
Para falar-mos sobre aquele assunto
que eu te contei no cinema =D

O filme foi fixe eheheh

E se não por aqui pelo blog,

Mande-me um e-mail se possível!

tiago_franlo@hotmail.com

Obrigado João!

Já agora, se clicares no meu nome

que deve estar como grupo005

e for nos meus blogs

tem um blog criado para o meu grupo de área de projecto!

Grupo005 disse...

Ah, agora vi que já deixas-te!

Muito obrigado Jõao!

Vou mandar-te um e-mail para enctrarmos em contacto!